Passa o tempo e a vida passa
E eu, de alma ingênua, acredito
No sonho doce infinito
Plenitude, enlevo e graça
Que sem tortura ou revolta
Estou cantando ao luar
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia vamos dar
Depois a estrada poeirenta
Os pés sangrando em pedrouços
E apaziguando alvoroços
A alma intranquila e sedenta
Murchessem todas as flores
A correnteza das horas
As trevas sobre as auroras
Os derradeiros amores
Recordo o passado inteiro
E as voltas que o mundo dá
Meu limão, meu limoeiro
Meu pé de jacarandá
E aquele ao léu do destino
Que inspirou tanto louvor
Cajueiro pequenino
Carregadinho de flor
Passa o tempo e eu fico mudo
Ontem ainda a ciranda
Vida à toa, a trova branda
Agora envolvendo tudo
O vale nativo, os combros
Várzea, montanha, leveza
Essa poeira de escombros
De que se nutre a tristeza
Velho, recordo o menino
Que resta de mim, sei lá
Cajueiro pequenino
Meu pé de jacarandá
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